
Com os juros em patamares ainda mais restritivos, as ações perdem atratividade no curto prazo e investidores devem seguir apostando em empresas com capacidade de pagamento de dividendos e geração de caixa mesmo em um contexto macroeconômico desafiador. Mas, para quem tem visão de longo prazo, o momento representa uma oportunidade. Esta é a avaliação de especialistas entrevistados pelo InfoMoney sobre o cenário para os investimentos em ações depois que o Banco Central decidiu subir a Selic para 15% ao ano.
Mário Roberto Mariante, analista-chefe da Planner Investimentos, avalia que “o elevado patamar de juros mantém a renda fixa como proteção em relação às incertezas que rondam a economia brasileira” e afirma que o ambiente “aumenta a cautela dos investidores que preferem se proteger em ativos alternativos à Bolsa”.
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Com isto, a Bolsa seguirá barata nos próximos meses, reduzindo a atratividade das ações no curto prazo. Para quem tem visão de longo prazo, no entanto, há oportunidades na renda variável, destaca Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos. Para ele, ainda que os juros estejam elevados, a perspectiva de cortes na Selic e “valuations descontados” tornam a Bolsa competitiva. “Recomendamos uma alocação balanceada, com leve aumento gradual em renda variável para quem busca valorização futura”.
O que fará preço nas ações?
“Por qualquer métrica de valuation as ações estão muito baratas”, segundo Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos. Mesmo assim, ele avalia que “o valuation tende a permanecer travado até sinais concretos de cortes (na Selic)”.
Além das sinalizações sobre juros, o especialista espera que uma melhora na inflação a partir do último trimestre de 2025 fomente apetite por ações e faça o Ibovespa buscar o patamar de 150 mil pontos. Por enquanto, porém, o investidor em ações pode viver meses “turbulentos” antes de ver os preços subindo com mais consistência, avisa.
O risco fiscal segue como um dos fatores mais pesados na precificação dos papéis. “Neste momento, a taxa Selic é apenas um dos componentes de atenção do mercado, deixando um peso maior para as negociações entre governo e Congresso para o risco fiscal presente” diz Mariante. O assunto mais importante atualmente é a Medida Provisória que taxa ativos de renda fixa antes isentos e aumenta o Imposto de Renda de Juros Sobre Capital Próprio. A MP precisa ser confirmada pelos parlamentares para ganhar caráter definitivo.
As guerras entre Israel e Irã e Rússia e Ucrânia também seguem no radar dos investidores. A avaliação de Mariante é que os conflitos podem aumentar a percepção de risco, o que é negativo para o fluxo de investimentos em renda variável. O especialista ainda lembra da importância de analisar a temporada de resultados das empresas brasileiras no segundo trimestre, já que os balanços serão importantes para mensurar os impactos da política tarifária de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.
Onde investir em ações agora?
Diante desse contexto, investir em ações de empresas “financeiramente sólidas” segue no topo da lista de recomendações dos analistas. A estratégia pode parecer óbvia – afinal, ninguém quer investir em empresas prestes a quebrar –, mas significa deixar de lado companhias que não conseguem geração robusta de caixa em cenários desafiadores como o atual.
Baixo endividamento, baixa dependência de fatores externos, boa gestão e distribuição frequente de dividendos são algumas das características de empresas “sólidas”. Elas geralmente estão em setores considerados defensivos, como bancos, seguradoras e utilidades públicas – principalmente energia e saneamento. Além desses segmentos, Chinchila também diz que há boas oportunidades no agronegócio e em exportadoras, “que se beneficiam do fluxo cambial e do apetite estrangeiro”.
Uma das companhias citadas pelo analista é a Klabin (KLBN11), negociada com “múltiplos atrativos” atualmente. Ele também destaca a Eletrobras (ELET6), que “acelerou a modernização, aumentou a eficiência” e reduziu custos após a privatização.
Saadia, da Nomos, também indica a Eletrobras e inclui Petrobras (PETR4), Itaú (ITUB4) e Copel (CPLE6) em suas recomendações de pagadoras de dividendos. Por outro lado, ele cita Magazine Luiza (MGLU3), MRV (MRVE3) e Yduqs (YDUQ3) como ações posicionadas em setores que devem ser evitados agora.
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