
Em modalidades de pagamento prolongado, como parcelas no cartão, duplicadas, cheques ou aluguéis, as empresas que venderam o produto ou serviço consumido não recebem o valor de imediato. Porém, com o planejamento financeiro certo, é possÃvel garantir cerca de R$ 900 mil por ano em vendas parceladas.
Por meio dos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), que garante a troca de recebÃveis de crédito (da empresa) por capital imediato (das instituições financeiras), um negócio que antecipasse R$ 1 milhão em tÃtulos de crédito poderia ganhar aproximadamente R$ 962 mil ao reinvestir o montante resgatado.
É o que indica uma simulação da Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar), revelada com exclusividade ao InfoMoney, que foca no reinvestimento estratégico do valor recebido pelo FIDC.
Segundo especialistas, mesmo com a aplicação de deságio — ou seja, receber menos do que valor investido —, o modelo permite ampliar o caixa, acelerar ciclos operacionais e diminuir a dependência de crédito bancário em momentos de pressão financeira ou expansão.
Como funcionam os FIDCs?
Também conhecido como Fundo de RecebÃveis, o FIDC é um fundo de investimento de renda fixa que investe em direitos creditórios.
Por meio de cotas vendidas a investidores qualificados, o dinheiro acumulado por esses fundos ajuda a financiar empresas de diversos setores, como varejo, serviços, indústria e até mesmo times de futebol.
Para as empresas, FIDCs oferecem crédito imediato referente às compras feitas com pagamento prolongado. Para os cotistas, os fundos garantem retornos de investimento como a CDBs, por exemplo.
Os negócios que desejam antecipar receitas futuras com mais previsibilidade e controle conseguem mais liquidez com essa ferramenta.
Reinvestimento em FIDCs garante mais de R$ 900 mil em um ano
O cálculo da Planejar foi conduzido por Harion Camargo, planejador financeiro CFP®, que considera o modelo eficiente para empresas que precisam de capital rápido sem abrir mão de organização.
No primeiro cenário, ao antecipar R$ 1 milhão em recebÃveis com deságio médio de 1,4% ao mês, uma empresa teria acesso a R$ 851 mil lÃquidos. Caso esse valor seja aplicado por 12 meses em outro investimento com taxa lÃquida de 0,95% ao mês — equivalente a 100% do CDI já com desconto do imposto de renda — o montante final acumulado será de aproximadamente R$ 962 mil.
No segundo cenário analisado, a empresa opta por manter os recebimentos mensais no fluxo original e aplica parcelas de R$ 83.333,33 à mesma taxa de 0,95% ao mês. Ao fim de 12 meses, o valor acumulado chegaria a cerca de R$ 973 mil.
Para Camargo, a diferença de R$ 11 mil pode ser positiva, mas não elimina a atratividade da antecipação. “Nem sempre a melhor decisão está no rendimento final. Muitas vezes, o capital disponÃvel hoje vale mais do que a rentabilidade de amanhã, especialmente se for usado de forma estratégica”, avalia.
Vantagens de antecipar créditos dos FIDCs
O maior benefÃcio do FIDC, na visão de Harion Camargo, está na flexibilidade que ele oferece para o uso dos recursos, como negociar descontos à vista com fornecedores, renovar estoques em momento oportuno, quitar dÃvidas caras ou até fazer frente a oportunidades de aquisição.
“O instrumento pode ser ainda mais valioso para negócios de menor porte, onde o acesso a linhas convencionais costuma ser mais limitado e demorado”, complementa.
Além disso, a previsibilidade dos FIDCs proporciona mais clareza sobre valores e prazos, favorecendo o planejamento orçamentário — especialmente no médio prazo — e reduzindo os riscos operacionais. Isso acontece porque esses fundos seguem critérios rÃgidos de elegibilidade.
Contudo, vale lembrar que participar desse tipo de fundo exige análise criteriosa. “A lógica é simples: transformar recebÃveis futuros em capacidade financeira imediata, desde que com responsabilidade e foco”, observa Camargo.
Maior procura dos FIDCs
O levantamento da Planejar também aponta que os FIDCs têm despertado o interesse de investidores que buscam alternativas mais sofisticadas dentro da renda fixa. Desde que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) autorizou o acesso do varejo em 2023, surgiram fundos com aportes menores, liquidez mais ajustada e maior clareza na composição da carteira.
Isso indica ampliação do acesso a esse produto, antes delimitado aos investidores de grande porte do paÃs, o que ajuda a financiar as empresas que se beneficiam do FIDCs.
O fundador do Grupo Multiplica, Mickael Paolucci, comenta que a educação financeira ainda deve contribuir para a expansão dessa ferramenta. “Os FIDCs ainda são pouco compreendidos pelo público geral, mas têm potencial para crescer como uma evolução da renda fixa tradicional. São fundos que exigem mais leitura técnica, mas também oferecem retorno acima da média e eficiência tributária”, afirma.
Paolucci complementa a fala de Camargo, ao indicar que esse produto pode ser “bastante estável quando bem montado”. Ele revela que os fundos conseguem beneficiar tanto a empresa que precisa de liquidez quanto o investidor que busca desempenho consistente.
Em um cenário de juros ainda elevados, com a Selic a 15% ao ano, e maior seletividade bancária, os FIDCs se tornam alternativas viáveis para manter o capital em movimento. De acordo com os especialistas, a antecipação bem planejada permite que o empresário ganhe tempo, aumente poder de barganha e reduza riscos operacionais. Já o investidor se beneficia de uma classe com melhor equilÃbrio entre risco, retorno e tributação.
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