
Apesar da forte entrada de capital estrangeiro na B3 nos últimos doze meses, o investidor local deve manter a cautela neste início de junho, alerta Raphael Figueredo, estrategista da XP Investimentos.
Até agora, o saldo líquido de estrangeiros na bolsa está em R$ 22,1 bilhões, mas isso contrasta com uma saída de R$ 21,5 bilhões por parte dos investidores institucionais. “A pergunta que fica é: esse ritmo de capital estrangeiro vai continuar?”, questionou Figueredo no programa Morning Call da XP na manhã desta segunda-feira (2).
O dólar voltou a operar acima dos R$ 5,70, pressionado por incertezas fiscais e cenário externo mais turbulento. Mesmo com o fluxo vindo de fora, o câmbio elevado é um sinal de alerta. “É um ponto de atenção superimportante”, afirmou o estrategista, destacando que o dólar continua sendo o principal termômetro do mercado doméstico.
Na visão dele, junho deve ser encarado como um “reset” para o investidor. “É um mês que a gente tem que encarar com uma ideia de reset, como se o mercado estivesse começando o ano agora”, pontuou.
Apesar dos ganhos recentes da bolsa e de uma temporada de resultados positiva, os desafios fiscais e a desaceleração global ainda pesam no radar.
Entre os setores mais pressionados, Figueredo destaca as commodities. “Preocupação com desaceleração da economia global, eventual recessão… as commodities vêm sofrendo, isso vem puxando as estimativas de lucro para baixo.”
Para a semana, a agenda está carregada de indicadores de sentimento e decisões de política monetária. O destaque fica para a reunião do Banco Central Europeu na quinta-feira (05) e para a fala do presidente do Federal Reserve nesta segunda-feira (1º).
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“A ansiedade do investidor aumenta em função da política monetária nos EUA”, disse Figueredo, citando ainda as pressões políticas por cortes de juros e os conflitos comerciais entre EUA e China como fontes adicionais de instabilidade.
Quanto ao cenário global pressionado pelas incertezas comerciais, a estrategista global da XP Maria Irene Jordão destacou que, embora a decisão de uma corte americana de suspender parte das tarifas impostas no chamado “Liberation Day” tenha melhorado temporariamente o sentimento de mercado, a situação ainda está longe de ser resolvida.
“Até que o recurso de Trump seja julgado — e possivelmente vai escalar até a Suprema Corte —, as tarifas ficam no lugar”, afirmou.
O alívio pontual foi ofuscado por dúvidas sobre a condução da política comercial, especialmente com a União Europeia e seus desdobramentos políticos internos nos EUA.
As tensões entre Estados Unidos e China voltaram ao centro das atenções, com declarações de insatisfação mútua. Trump criticou o ritmo lento das liberações de exportações chinesas, especialmente em relação às terras raras, enquanto Pequim reagiu à postura mais rígida dos americanos em relação à Huawei e à possibilidade de restrições a vistos de estudantes.
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